A cidade de Itaberaí surgiu no século XVIII, por volta do ano de 1770, nas proximidades da fazenda Palmital. O princípio do arraial se deveu à devoção dos roceiros da região que se juntaram e edificaram uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Abadia (onde hoje é a Igreja Matriz). Aos poucos, com a chegada de mais moradores, o arraial, então conhecido por Curralinho, foi se firmando.
Entre os primeiros moradores alguns se sobressaíram pela grande influência que exerceram no crescimento do arraial, salientando-se entre eles, Francisco Tavares, que doou parte de suas terras para patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, o capitão-mor Salvador Pedroso de Campos que não era da região de Curralinho e que não foi o primeiro dono da fazenda Palmital, o capitão de Ordenanças João Luiz Brandão, padres Joaquim Ildefonso de Almeida e Francisco Luiz Brandão, o Capitão Felipe Antônio Cardoso, o capitão Tristão da Cunha Morais, capitão José Manuel da Silva Caldas e outros.
Por Curralinho a povoação ficou conhecida por mais de século, até que em 05 de agosto de 1924, por iniciativa do deputado coronel Benedito Pinheiro de Abreu, foi aprovado o projeto de mudança do nome de Curralinho para Itaberahy que significa na língua guarani “Rio das Pedras Brilhantes”. Segundo tradição oral, o curralzinho do qual o arraial tomou o nome, apenas corruptelado para Curralinho, existiu no “Larguinho”, hoje praça Sinhô Pinheiro (conhecida por praça Joaquim Lúcio).
Junto a este curralzinho construíram um rancho para pouso dos vaqueiros e tropeiros que andavam pela região. Não obstante, o arraial começou a se formar do outro lado da ipueira, na qual passa pequeno córrego ainda existente, e que nascendo no quintal da Casa de Cultura “Cel. João Caldas”, atravessa a Rua Padre Pedro, corta a Rua General Pedroso e se lança no rio das Pedras. Ali, no alto, surgiu a capelinha que já existia em 1784. Em sua volta foram construindo casas. Em 1824, segundo Cunha Matos (1979, p. 28) o arraial era formado por um grande largo e duas ruas, as atuais Padre Pedro (antes Rua Direita) e Benedito Constant da Fonseca (antes Rua das Flores), totalizando 52 casas.
Pouco depois se formou uma bifurcação da Rua Direita, descendo em direção ao rio, era a Rua do Gorgulho, hoje Brigadeiro Felicíssimo. A rua comumente chamada “Rua do Sapo”, hoje, General Pedroso, apesar de possuir, no século XIX, algumas casas de chácara, se formou realmente no século XX, ganhando maior expressão com a construção do Matadouro Municipal (casa de Jerônimo Vidal), ficando conhecida, durante certo tempo, por Rua do Matadouro.
À época não existia a rua que, partindo da frente da Matriz desce para a General Pedroso, por existir naquele local um sobrado que pertenceu a Pedro Peixoto dos Santos. O lugar do antigo curralzinho, porém, somente começou a integrar-se ao núcleo do Largo da Matriz, quando o capitão José Manoel da Silva Caldas, que ali possuía sua chácara, construiu algumas casas. O local tornou-se o Largo da Estalagem (que se chamou também Largo São José), hoje praça Sinhô Pinheiro (praça Joaquim Lúcio).
As casas construídas pelo capitão Caldas eram interessantes, diferiam das construções de então, tendo algumas, na frente, ampla varanda, como as casas bandeirantes de São Paulo. Em 5 de dezembro de 1840, o curato de Curralinho foi elevado à condição de paróquia, o que se deu devido ao trabalho e prestígio do capitão Felipe Antônio Cardoso. Com isso, o arraial tomou maior alento, atraindo adventícios.
Em 1863, construiu-se o cemitério São Miguel, acima do Largo da Estalagem, tendo-se edificado, já no começo do século XX, algumas casas detrás do cemitério. Por volta de 1860 formou-se a Rua Capitão Caldas (antiga Rua da Estalagem). Com o crescimento do arraial, a Assembléia Provincial elevou-o à categoria de Vila, por meio da Lei nº 20 de 09 de novembro de 1868, sendo instalado a 05 de setembro de 1885. Depois de 1870 foi se constituindo a Rua Jerônimo Pinheiro e o beco de José da Silva, chamado antes Rua da Estrada, por passar por ali, em frente à chácara do coronel José da Silva Moreira (cuja casa ainda existe), a estrada que seguia para Jaraguá. Nos anos de 1880, onde existira um trilheiro feito no cerrado e que ligava a Rua Jerônimo Pinheiro à Capitão Caldas, foi surgindo a Rua Senhor dos Passos, conhecida, então, por Rua de Cima.
No princípio do século XX formou-se o largo, então conhecido por Largo São Sebastião, onde em 1909 se construiu o primeiro mercado da cidade, e onde em 1940, no mesmo local, se edificou o Grupo Escolar Rocha Lima. Mais tarde, na década de 1930, o prefeito Benedito Pinheiro de Abreu ajardinou este largo e construiu um elegante coreto, que existiu no local da quadra de esportes “Eduardo Mendonça”, que atualmente está sendo demolida. Na década de 1950 o prefeito Balduino Caldas construiu neste largo o Clube Social Itaberino, recentemente destruído, levantando-se no local o Palácio da Justiça.
Por volta de 1890 já existiam algumas casas na parte baixa do grande largo que mais tarde formaria a praça Balduino Caldas (que já se chamou Praça Padre Pedro, Largo João Pessoa, Praça 15 de Novembro, Praça Marechal Castelo Branco e Praça Coronel João Caldas) e que mais tarde, na década de 1950, receberia no alto os edifícios da igreja de São Sebastião e Colégio Imaculado Coração de Maria, sendo este construído no mesmo local onde em 1940 havia se edificado um modesto colégio das Irmãs Mercedárias, substituídas logo em seguida, em 1941, pelas Irmãs Sacramentinas e, em 1950, pelas Irmãs Franciscanas. Deste grande largo, já no final do século XIX e começos do XX, foram saindo ruas, como a Sá Tavares, São Vicente (hoje Eliezer Pinheiro de Abreu), Mestre Virgílio, Vigário Fonseca, Augusto Baylão e outras adjacentes como a Major Garcia (antiga Rua da Boa Vista), a Benedito Lemes etc. Quatro becos existiam, por entre os quintais, “encurtando” as distâncias.
O Beco do Pulú que saía da Rua Senhor dos Passos e, desenhando um “L”, desembocava na Rua Jerônimo Pinheiro, ao lado da casa do músico Carlos Morais; o beco que da Praça Balduino Caldas (perto do Bradesco), ia desembocar na Praça Sinhô Fonseca; o beco de José da Silva, conhecido, então, por Rua da Estrada; o beco que existiu na Rua Jerônimo Pinheiro, entre as casas de Sebastião Augusto Barbosa e Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca) e que ia dar no pasto ainda existente nos fundos das primeiras casas da Rua Jerônimo Pinheiro, e o beco que da Rua Capitão Caldas ia dar no cemitério.
Da década de 1950 em diante a expansão da cidade foi enorme, crescendo primeiro para o leste e posteriormente para o norte. Curralinho, assim, adentra o século XX com as mesmas características das outras cidades goianas da época: casas no correr das ruas e largos de terra, sem ajardinamento ou calçamento, janelas de verga reta ou curva, esteios à mostra, beirais largos sustentados por “cachorros”. Muitas casas da antiga vila de Curralinho, elevada à condição de cidade por meio do Decreto nº 253 de 22 de julho de 1903, passaram a receber, mais ou menos a partir de 1910, acrescentos e melhoramentos.
Utilizam-se, na época, na “modernização” das casas, platibandas, cimalhas, cornijas, vidraças. Era um novo estilo que chegava via Cidade de Goiás. Os coronéis do lugar foram os primeiros a remodelarem suas residências, tanto por foram como por dentro. Algumas receberam pinturas nas paredes e tetos: florões, ramalhetes, paisagens etc, que embelezavam as paredes dos principais do lugar.
A primeira casa a receber água encanada foi a de Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca), que fundou a Empresa Força e Luz, em 1924, fornecendo iluminação pública e residencial, sendo Itaberaí uma das primeiras cidades do Estado a receber esta melhoria. EDUCAÇÃO E CULTURA A primeira escola de Itaberaí foi a do antigo arraial do Curralinho, criada por Decreto Imperial de 20 de setembro de 1831, sendo o seu primeiro professor o mestre Tomás Antônio da Fonseca que lecionou até 1846, quando faleceu. Daí em diante a população pode sempre contar com professores permanentes pagos pelo Governo. Em 1870, criou-se outra aula, agora para o sexo feminino, onde ensinou a mestra Margarida de Deus Passos.
Algumas iniciativas na área da educação fizeram surgir, ao longo do tempo, várias escolas. Em 1915 o bacharel Eleutério de Souza Novais fundou a Escola Novais, com alunos internos e externos. Em 1935 alguns itaberinos tendo à frente o professor José Pinheiro de Abreu fundaram a Escola Normal Constâncio Gomes, formando as normalistas que por mais de cinqüenta anos cuidaram do ensino da mocidade itaberina. Em 1920 o coronel Antônio Luiz da Silva Caldas criou o Grupo Escolar Rocha Lima, então de responsabilidade do governo municipal, o qual foi encampado pelo Estado em 1923, sendo o terceiro grupo escolar do Estado.
O edifício atual do antigo Grupo Escolar Rocha Lima, em estilo art dèco, foi construido em 1940 na gestão do prefeito José Ludovico de Almeida, com recursos deixados em caixa pelo prefeito anterior, José Pinheiro de Abreu (Juca Pinheiro). No ano de 1940 chegaram a Itaberaí as Irmãs Mercedárias para cuidarem do Colégio Nossa Senhora das Mercês, recém-fundado. Retirando-se estas irmãs, em 1942 as Irmãs Sacramentinas fundaram a Escola Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que também teve pouca duração, fechando o estabelecimento em 1945. Em 1950 as Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica (hoje a Congregação das Franciscanas da Ação Pastoral), reabriram a escola com o nome de Colégio Imaculado Coração de Maria, construindo-se excelente edifício com o convento anexo.
Hoje, além de inúmeras escolas públicas e particulares, Itaberaí conta com a Faculdade Rio das Pedras e a Faculdade Aliança, funcionando esta no prédio do Colégio que, infelizmente, após cinqüenta anos servindo a comunidade, foi fechado. Na área musical, a primeira orquestra de Itaberaí data de 1850. Foi organizada pelo mestre Norberto de Oliveira Brandão e era exclusivamente composta de instrumentos de cordas. Em 1883 organizou-se a primeira Banda, sobre a regência de Ernesto Patroclo. Poucos anos depois o professor Antônio Luiz de Faria Leite lecionava música a um bom número de alunos.
Deixando de existir a Banda de Ernesto Patroclo, fundou-se em 15 de agosto de 1894 a Banda “União Curralinhense”, sob a direção de Virgílio Félix de Souza que foi substituído, no início do século XX, pelo mestre Pedro Xavier de Barros, o Pedro Ferreiro.
Inúmeras associações recreativas e literárias foram criadas em Itaberaí, salientando-se entre elas o Gabinete Literário Santa Cruz, fundado pelo padre Pedro Rodrigues Fraga, o Gabinete Jerônimo Pinheiro, fundado por Eliezer Pinheiro de Abreu e a Associação Dramática São Sebastião, fundada em 1906 por José Gomes dos Santos Baylão. No que tange à imprensa, Itaberaí tem tido muitas iniciativas, já em 1908 surge O Repórter, fundado por Zoroastro Artiaga, seguido pelo O Foco (1924), fundado por Sebastião Pinheiro de Abreu, O Pharol (1924), de Jacinto Luiz da Silva Caldas, O Itahy (1925), iniciativa de Eliezer Pinheiro de Abreu, o Itaberahy (1926), de Arthur Pinheiro de Abreu, O Itaberahy (1935), órgão noticioso da prefeitura municipal, Jornal de Itaberahy (1938), de Jerônimo Pinheiro de Abreu, O Democrata (1959), de José Pinheiro de Abreu, e outros jornais mais recentes.
Em 1993, Itaberaí, ressentindo-se da falta de uma entidade que pudesse congregar os literatos, artistas e guardiães da memória do lugar, viu surgir a Academia Itaberina de Letras e Artes – AILA. Em 1996 a AILA ganhou sede própria instalando-se em casa que pertencera ao coronel João Elias da Silva Caldas, denominando-se “Casa de Cultura Cel. João Caldas”.A Academia Itaberina de Letras e Artes tem pontificado na disseminação de uma maior consciência dos itaberinos quanto à valorização da memória de Itaberaí.
Sob sua inspiração, dezenas de obras têm sido publicadas, eventos realizados e tem surgido outras tantas iniciativas de proteção e preservação do patrimônio histórico e artístico de Itaberaí, que alia tradição e progresso na construção de uma sociedade cidadã, justa e laboriosa, que se orgulha de sua terra e sua gente.
Fonte: Prefeitura de Itaberaí